26.6.12

MAKE THE RULES.

Todo dia ao entardecer é a mesma coisa: calço o tênis, visto um short e uma regata e vou para a avenida correr. É algo que faço quase mecanicamente, afinal, não há muito o que pensar além de memorizar o treino do dia. Mas se paro um instante, reconheço que o pensamento da sociedade há até bem pouco tempo era "homem joga futebol, mulher faz balé". É incrível pensar que algumas coisas tão naturais para nós hoje em dia sejam direitos conquistados no passado, as vezes, até recente. Nessa semana a Nike lançou uma campanha para celebrar o 20º aniversário de uma lei que garante igualdade de ensino para meninos e meninas nos Estados Unidos. Não parece absurdo que até 1992 isto não tenha sido óbvio e natural?

O vídeo da campanha da Nike começa com Joan Benoit Samuelson, medalha de ouro na maratona das Olimpíadas de 1984, falando "Quando eu era pequena, meninas simplesmente não podiam correr em público" - o que representa perfeitamente a descrição do vídeo: atletas que desafiaram as convenções, mulheres que queriam tanto praticar esporte, que criaram suas próprias regras.


É impossível não lembrar também da imagem icônica de Kathrine Switzer, primeira mulher a participar da Maratona de Boston em 1967. Numa época em que apenas homens podiam participar das provas de rua, essa americana desafiou a organização da prova e fez história.


No entanto, nem tudo são flores para as mulheres hoje em dia. No vídeo, a boxeadora Marlen Esparza reclama: "Eu sou uma garota...o que não significa que tenho que vestir uma saia". Provavelmente se referindo à uma iniciativa de obrigar as boxeadoras a usarem saia nos jogos olímpicos de Londres. Não parece um retrocesso? Ou seja, ainda há muito trabalho pela frente e nem é preciso ir muito longe para descobrir isso. Como falei no começo,  todo final de tarde me junto a dezenas de meninos e meninas para correr no asfalto quente da rua. O sol já se foi, mas a temperatura não arrefece. Enquanto os homens amenizam o calor correndo só de bermuda, se alguma mulher ousa correr apenas de short e top é taxada de exibida - se for sarada - ou de sem noção, se não estiver em plena forma.

Daqui a pouco vou sair para correr caminhar, não mecanicamente como sempre, mas valorizando cada passo dado. Os meus passos e o de todas as mulheres que prepararam o caminho por onde nós corremos hoje.

2 comentários:

  1. Aline, adorei o post, muito pertinente. E aquele papo que ainda vejo por aí: "É mulher não vou deixar passar na minha frete na corrida de jeito nenhum". Ainda temos muito que mudar.
    Beijão

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  2. Anônimo3.7.12

    Oi ALine, adorei o valorizando cada passo, o mundo requer que sejamos cada vez mais conscientes!
    Boa colocação!!

    Beijo

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