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Ilustração: Kevin Howdeshell |
Li um texto do Matt Fitzgerald sobre o quanto o fator psicológico é importante para atingir o pico de treinamento e achei super interessante, pois ouço frequentemente histórias de superação em provas, mas pouco se fala em como tirar vantagem deste poder da mente de forma sistemática. No texto ele relata a experiência com atletas experientes e em forma, mas acredito que nós, atletas amadores, também podemos tirar alguma lição que nos traga benefícios. Trouxe alguns trechos do texto de Matt - traduzidos livremente por
moi, mas quem quiser ler na íntegra, clica
aqui.
Na corrida, o pico de treinamento significa a melhor performance de um atleta em um período de treinamento físico e na elaboração da planilha deve coincidir com a data da corrida para a qual ele treina. Tradicionalmente, o pico tem sido encarado como um fenômeno estritamente físico. Você corre mais rápido no dia da corrida do que semana antes por que seu treino aumentou seu VO2 máximo, sua corrida se tornou mais econômica e assim por diante. No entanto, há evidências que muitos corredores tem melhor desempenho em uma corrida do que elas podiam semanas antes mesmo não estando em melhor forma. Como isso é possível? Poder da mente?
Em 2010, um estudo realizado com atletas de cross country de uma Universidade americana verificou que ao comparar testes realizados com estes atletas no início e no final da temporada, não houveram mudanças físicas, mas todos apresentaram melhor desempenho nas provas no final da temporada e diziam se sentir mais em forma.
Um dos pesquisadores acredita que os melhores desempenhos no final da temporada foram provavelmente devido, em parte, a uma melhora psicológica. Segundo ele, talvez no início da temporada podiam aguentar apenas 30 segundos de dor e ao final da temporada podiam suportar até 60 segundos de dor. "Isso pode ser comparado a aplicação de uma injeção num consultório médico. Se você vai ao consultório apenas uma vez por ano, a dor da agulha parece bastante intensa, mas vamos dizer que você vai ao consultório do médico uma vez por semana ou mês. A dor ainda é a mesma, mas você é capaz de lidar com isso melhor. Ou seja, a temporada de treinos e corridas melhoraram sua tolerância à dor. Só porque você não vê nenhuma mudança em uma variável fisiológica, não significa necessariamente que você não vai ver uma mudança no desempenho."
Se é verdade que o pico é mais psicológico do que fisiológico para corredores experientes e em forma, como isso deve ser aplicado ao seu treinamento? Primeiro, você deve evitar pressionar demais em seu treinamento, particularmente quando a corrida se aproxima. Afinal, você já está apto. Você não precisa exagerar nos treinos e correr o risco de "quebrar" para transformar o seu corpo, pois seu corpo já está preparado. A mente e o cérebro se adaptam a desafios muito mais rápido do que o corpo. Você não precisa sofrer com treinos intensos dia após dia para fortalecer a sua mente para as corridas. Treinos muito duro são necessários, mas você não precisa fazer um monte deles. Alguns treinos mais puxados distribuídos durante todo o ciclo de treinamento serão suficientes.
Mesmo ainda tendo que melhorar muito em vários aspectos físicos, eu acho que para os atletas amadores também é desnecessário e até (mais) prejudicial ter uma planilha com treinos exaustivos em demasia. A constância no treinamento aliada à alguns treinos mais puxados parece ser muito mais decisiva para que nos tornemos mais resistentes à dor, e por conseguinte, melhoremos nossos resultados.
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